As Três fases de um mesmo “Bagno” Linguístico e Literário
Por Robson Mistersilva
Reconhecido
pela publicação de seu “Preconceito Linguístico: o que é, como se faz” (1999),
Marcos Bagno, em verdade, possui três fases de sua história no caminho das
letras. Se é verdade que o linguista de Cataguases ganhou notório espelhamento
após a publicação do seu livro mais famoso, mais verdadeiro ainda é a ideia
segundo a qual seus talentos vão para além das ideias linguísticas presentes no
referido livro e que pode nos revelar ao menos três fases.
A primeira
delas, a que poderíamos chamar de Fase
de Militância, iniciada pela publicação do Preconceito Linguístico, em
1999, e que se concentra na defesa das variedades linguísticas do português, no
combate ao preconceito linguístico (e das implicações que este acarreta), bem
como na defesa da emancipação política (se é que este seria o termo mais
apropriado) da língua brasileira em relação à língua dos portugueses.
Algumas obras dessa
fase, além do livro supracitado, as publicações:
Preconceito
linguístico: o que é, como se faz (1999)
Dramática da
língua portuguesa: tradição gramatical, mídia & exclusão social (2000)
Português ou
brasileiro? Um convite à pesquisa (2001)
Norma
linguística (org.) (2001)
Linguística da
norma (org.) (2002)
Língua
materna: letramento, variação & ensino (org.) (2002)
A norma
oculta: língua & poder na sociedade brasileira (2003)
Nada na língua
é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística (2007)
Não é errado
falar assim! Em defesa do português brasileiro (2009)
Sete erros aos
quatro ventos: a variação no ensino de português (2013)
Embora não
possamos fechar as ideias de Bagno contidas nessa obra apenas ao que já foi
apontado, é verdade que o seu pensamento linguístico frente à variação das
línguas está mais ou menos presentes nessas obras. O que não significa que
apenas sua militância está presente ali. Podemos perceber nesses livros já um
direcionamento para sua outra fase, a defesa
do ensino do português brasileiro.
Muitas das
obras que poderíamos encaixar nessa primeira fase podem tranquilamente se
encaixar nesse segundo momento. Isso porque as fases da luta linguística e
literária de Marcos Bagno não seguem uma linha do tempo onde se pode apontar
onde começa ou termina certa fase. Mas faz parte de uma teia única – o discurso
do amor pela nossa língua materna.
Contudo, ainda
é possível elencar obras na qual sua militância segue um rumo com clara vista à
reflexão da forma como a língua portuguesa é ensinada nas escolas, bem como na apresentação
de alternativas a este ensino vigente.
Podemos citar:
Gramática:
passado, presente e futuro (2010)
Gramática, pra
que te quero? Os conhecimentos linguísticos nos livros didáticos de português
(2011)
Gramática
pedagógica do português brasileiro (2012)
Gramática de
bolso do português brasileiro (2013)
Sete erros aos
quatro ventos: a variação no ensino de português (2013)
Há ainda uma
terceira fase, igualmente consolidada na carreira do linguista, mas, talvez,
pouco menos conhecida que a segunda e a primeira, que sua fase literária. São muitas as obras de literatura de Marcos Bagno,
e muitas vezes as pessoas até se questionam se é o mesmo Bagno linguístico em
rios literários.
Para ilustrar
essa faceta do autor, podemos citar:
A invenção das
horas (contos) (1988)
O papel roxo
da maçã (infantil) (1989)
Rua da
Soledade (contos) (1995)
A Vingança da
Cobra (Infanto-juvenil) (1995)
A Língua de
Eulália (novela sociolinguística) (1997)
O espelho dos
nomes (infantil) (2002)
Murucututu, a
coruja grande da noite (infantil) (2005)
As
caraminholas de Barrigapé (infantil) (2009);
Vaganau
(poesia) (2010)
Festa no meu
jardim (infantil) (2011)
O tempo
escapou do relógio (infantil) (2011)
As memórias de
Eugênia (romance) (2011)
Conversa de
gatos (infantil) (2012)
Marcéu
(infantil) (2013)
Há certamente
outras facetas de Marcos Bagno, pois seu conhecimento é gigantesco e sua contribuição
para o ensino da língua portuguesa está apenas na fase inicial. Teremos certamente
longos anos de belos estudos e contribuições no ramo da linguística, da
literatura e onde o vento soprar lá estará o nosso Marcos Bagno pronto para
responder à altura do seu poder com as palavras.
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