Faca de Água [Resenha]

Por Robson Mistersilva

Gênero: Ficção Científica – Distopia/Thriller
Autor: Paolo Bacigalupi
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 400

A história se passa na nossa Terra, em um futuro não datado e nada esperançoso. É uma época onde existe escassez de água e todo o mundo tornou-se praticamente árido. O resultado disso é o status que a água ganha. Quem tem dinheiro consegue administrar os domínios onde existe água, dominar a distribuição e construir grandes complexos onde apenas os mais ricos podem pagar para morar. Esse é o empreendimento de Catherine Case, que embora não seja a personagem principal da história, é ao seu império que somos apresentados no início da narrativa e tem papel fundamental no desenrolar das aventuras de nossos protagonistas.
Protagonistas? Sim, a narrativa de desenrola a partir da narração em terceira pessoa de três histórias que se passam no mesmo ambiente tumultuoso dessa Terra futurística. Somos apresentados a cada um deles em capítulos que se seguem até o momento onde as histórias se cruzam e os três passam a fazer parte da mesma trama que envolve um mistério que precisa ser resolvido – onde estão dos Direitos de Água que valem milhões a quem o possuir?
O primeiro que conhecemos é Angel, uma pessoa que teve um passado sombrio e que viu em Catherine Case a chance de mudar de vida. Ganhando uma segunda chance, Angel se transformou em um profissional chamado de Faca de Água. Embora sejam tidos como mitos, os facas de água existem e são eles que fazem valer os direitos de quem está no poder. Quando a simples burocracia e os processos judiciais não dão conta de resolver os problemas dessa nova Terra, os facas de água entram em cena. Angel é bem treinado e tem orgulho de o ser. Também tem orgulho de ser uma espécie de braço direito de Case. Tudo começa quando ele é mandado por ela até a cidade de Phenix para resolver mais um problema envolvendo os domínios de água.
Nosso segundo protagonista é Lucy, uma jornalista que chegou a Phenix afim de cobrir a situação miserável daquele lugar. Mas logo acabou sendo incorporada ao cenário devastador e árido vigente. Quando um amigo seu á assassinado por causa de domínios de água, Lucy se vê ameaçada e acaba entrando no caminho do Faca de Água.
Por fim, somos apresentados a Maria, uma jovem que sonha em se mudar para um lugar onde a água seja abrangente, cruzar a fronteira e mudar de vida. Envolvida com uma gangue local que comanda o caos naquele lugar, Maria se vê testemunha de um assassinato e seu caminho acaba se cruzando com o de Angel. Eventualmente, o destino dos três se unem e uma difícil decisão deve ser tomada. Qual? Que tal ler e descobrir. Uma belíssima história para quem gosta de histórias distópicas, ficção científica e thrillers.

A narrativa
Faca de Água tem uma atmosfera pesada. E por se tratar de uma obra futurística e distópica tem o difícil papel de nos apresentar a esse ambiente no início da narrativa. Por isso, o início da leitura pode parecer denso para alguns. Os capítulos iniciais de Angel traz a atmosfera das guerras judiciais e deixa o leitor meio perdido. Mas, as leituras dos capítulos de Lucy e Maria acabam juntando as peças do quebra-cabeça na composição do cenário. Passado esse entrave a narrativa de torna ágil. Com capítulos curtos, a história se desenvolve com naturalidade.

A temática
O tema da água e sua falta no mundo não parece distante da nossa realidade. Sendo um bem cada vez mais precioso nos dias de hoje, Faca de Água traz para a discussão um futuro que não está tão distante de se tornar realidade. E se, no passado, a ficção científica já foi capaz de prever muitas coisas existentes na contemporaneidade, poderia esse livro prever um novo capítulo na história da humanidade? Com essas e outras reflexões, essa história nos fisga do começo ao fim, nos fazendo pensar em como seria nossa vida naquele ambiente.



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