O Antigo Canal do
Sítio
Em 2011, o escritor sergipano Robson Mistersilva, apaixonado pela obra de
Monteiro Lobato, criou um blog dedicado ao mundo encantado criado pelo autor. Assim
nascia o Canal do Sítio. Entre as várias coisas encontradas nesse portal de
notícias, havia histórias criadas especialmente pelo autor para homenagear o
criador do Sítio do Picapau Amarelo. Essas histórias ficaram no ar por cinco
temporadas e adaptavam os livros de Monteiro Lobato como se fosse uma série de
TV. Neste ano, quando a obra “A menina do Narizinho Arrebitado” faz 100 anos de
sua publicação, resolvemos trazer de volta essa história, que homenageava esse
primeiro livro. Trata-se de uma livre adaptação da obra, onde inserimos
personagens não existentes na obra original e contamos a história de uma forma
diferente. A experiência deve ser encarada como uma homenagem, uma releitura.
Não substitui a leitura da obra original, e, talvez por isso, modificamos a
história. Para dar a nossa contribuição ao mundo encantado criado por Monteiro
Lobato.
Episódio “A Pílula Falante”
Capítulo 1
O
Estanho Caso do Sentinela Dorminhoco
Em um reino mágico localizado no fundo do Ribeirão do Caraminguá...O seu
príncipe herdeiro chegava, com sua carruagem aos portões de seu palácio. Para a
surpresa do príncipe, o sentinela, um sapo de nome Major Agarra e Não Larga
Mais, dormia em serviço. O príncipe Escamado, tão contrariado ficou que gritou
para acordar o dorminhoco dizendo que iria demiti-lo do posto. Depois disso,
retorna para a carruagem e entra em seu Reino das Águas Claras.
Chegando ao palácio, o príncipe refletiu sobre o ocorrido e começou a
pensar se havia no mundo algum reino perfeito...
Longe dali, no Sítio do Picapau Amarelo. Lúcia, a quem todos chamam
Narizinho, está correndo pela mata, com sua inseparável boneca de pano, Emília.
Chegando ao Ribeirão, as duas começam a brincar de realeza. A menina era uma
princesa e sua bonequinha de pano, uma condessa, a Condessa de Três
Estrelinhas.
No Arraial dos Tucanos, uma vila um pouco longe do Sítio onde mora a
menina Lúcia, uma mulher fazia compras. Era a Tia Nastácia que comprava e
reclamava das mercadorias da venda do Elias Turco. Ao sair da venda, recebe uma
carta que era para sua patroa Dona Benta. Encontra ainda o Coronel Teodorico,
que aproveita e pega uma carona em sua charrete para ir até o Sítio do Picapau
Amarelo.
No Reino das Águas Claras, duas pessoas esperavam para falar com
príncipe, mas o príncipe estava sendo atendido pelo seu médico do reino – o
célebre Doutor Caramujo. Que vendo as preocupações do nobre, receitou ares do
campo. Os dois que queriam falar com príncipe esperaram a saída do médico e
logo após foram atendidos. O primeiro foi o Major Agarra que veio pedir perdão
ao príncipe. E tanto implorou que foi perdoado, com a condição de não repetir o
ocorrido. Quem não gostou nada disso foi o capitão da guarda, que há muito
queria o posto do Major – um tal Capitão Sardinha.
O outro que queria falar com o príncipe era o seu amigo, Mestre Cascudo,
professor da Universidade das Águas Claras. Este o príncipe recebeu com mais
estima que o outro, pois eram amigos de longa data. Então, o príncipe
aproveitou a visita e convidou o amigo para um passeio pela terra firme, a fim
de respirar ares do campo.
Narizinho chegou ao Ribeirão e começou a jogar farelo de pão para os
peixinhos. Acabou cochilando e quando acordou...
Em seu passeio, o príncipe acaba encontrando uma toca esquisita que
nunca havia visto. Que será que tem ali?
[continua...]